25 abril 2008

Saramago, Liberdade e Jardel

Por falar em Saramago, homem pelo qual não nutro propriamente uma alegre simpatia, unicamente por questões ideológicas, contudo não deixa de merecer o meu profundo e sincero respeito. Mas não duvido que muitos façam a habitual expressão de desagrado ou apreensão quando ouvem seu nome, por puro desconhecimento de causa. É normal manifestarmos aversão ao desconhecido, pelo que sugiro que se informem (e bem) antes de torcerem o nariz e cuspirem sobre a calçada, não apenas em relação ao autor de Memorial do Convento, mas sim em relação a tudo.

Em oposição, é imaturo e inconsequente bater palmas e fazer vénia ao que nos parece bem, julgamos estar ou ser de bem, ainda que convictos lá no âmago da nossa consciência, sem antes estarmos informados (e bem) sobre a verdadeira natureza do que aplaudimos.

Isto tudo para dizer que tropecei numas palavras de Saramago que me deixaram a pensar.

"Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute."

"Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor."

Suponho que Saramago tenha uma visão mais obscura sobre o funcionamento da nossa sociedade, ainda que sustentada numa lógica plausível. Parto do princípio que estas questões são incompreensíveis aos leigos, por inércia do quotidiano, por falta de sensibilidade, podendo-lhes soar a teorias da conspiração ou meras fantasias e ficções. Daí que ainda hoje, como há 34 anos atrás em 1974, a educação, a cultura, a informação, sejam pilares fundamentais para a vida, no seu papel como agentes para o esclarecimento e combate à ignorância -- a maior das pobrezas.

Uma introdução à sociologia e antropologia revela de forma mais objectiva os mecanismos e os processos que actuam no funcionamento da sociedade. O indivíduo, localizado e inserido, é alvo de inúmeras forças e conduzido por «instituições». Não deixa de ser participativo e todos desempenham um papel, mas a liberdade é diminuída, até certo ponto. Uma maior consciência destes factos e dinâmicas despertam-nos para a realidade, de uma forma mais esclarecida. Se encetarmos numa análise mais profunda, a democracia, esse sagrado bem que tomamos como adquirido e inalienável, toma contornos menos claros.

Mas, como Jardel disse e muito bem, na sua passagem pelo futebol nacional:

"O difícil, como vocês sabem, não é fácil."

2 comentários:

CaroL disse...

Acho q n podia haver mlhr frase p rematar o texto do q essa xD

E sim, n tnh grande simpatia tb por Saramago mas o q disse eh verdaed.

A democracia instituida apos o 25 de Abril, tem n so inerente a si a corrupçao dos dias de hj, mas tb a guerra das colonias q ficou p tras, e na qual mts pessoas foram esquecidas, os 'retornados', esses, tratados cm marginais q n pertenciam a mesma Nação dos soldados da paz cm um cravo vermelho ao peito. E falo por ouvir historias em 1 mao de gente q passou por isso.


Enfim viva a Liberdade! (ou o q temos q lhe possamos chamar isso)

***

Mário disse...

isto e mt profundo pra eu comentar...(ainda por cima pra quem so dormiu 3 horas XD)