19 dezembro 2008

Um lugar no inferno



Plácido, de seu nome, anunciou à sua devota mãezinha, que acabava de comprar um lugar cativo no inferno.

Sem que os santos e anjos do altar do senhor padre da sua paróquia e da freguesia vizinha chegassem a tempo de prevenir uma eventual marcha lenta e sinuosa do INEM pelo vale acima, a senhora viu a luz do candeeiro da sala esfumar-se e voltar a focar enquanto o agente da funerária ali ao lado teve tempo de um rápido esfregar de mãos, de satisfação. Não se conteve. Exclamou com todas as forças que havia guardado nos serões a rezar. Como podia o seu santo, puro e sério filho ter arranjado um lugar no inferno ainda antes de tirar a carta de condução e ter idade para saber o que é a segurança social?

O filho, impávido e sereno, como o seu nome sugere, manteve-se no seu lugar, com ar natural, e informou a dona Rosário que o Benfica jogava amanhã, na Luz.



18 dezembro 2008

Duas notícias



Depois de um furo no pneu, Rómulo vira-se para o companheiro de viagem, enquanto este substituía a borracha inutilizada, e diz:

-- Arquibaldo, tenho duas notícias, uma boa e outra má.

-- Ah sinhe? -- limpando o suor que se deixava escorrer pelo nariz -- Quais sãonhe?

-- A má notícia: acho que o pneu não serve. A boa notícia: acabaram-se as más notícias.


13 dezembro 2008

Só podem estar a gozar comigo




Na página de economia do Metro, podemos ver que, apesar de tudo, não há razões para alarme porque há mais um português excêntrico. O balanço final irá comprovar que os portugueses, todos juntos, até estão a enriquecer. Suponho eu, dado o destaque que o Euromilhões recebe neste diário gratuito. Se cada um de nós ficar excêntrico todas as semanas, daqui a 200 mil anos já todos teremos tido oportunidade de ganhar o prémio. Não estou a brincar, façam as contas. Ah pois, 200 mil anos...

Agora como quem nada quer.. o anúncio está ali e não é por acaso, ou a coincidência é simplesmente peculiar?








Metro, edição de Lisboa (12/12/2008)




12 dezembro 2008

Curtas



A televisão não é programas com intervalos. É publicidade, com programas nos intervalos.


03 dezembro 2008

De quem é o problema?



Quando é que este vídeo vai integrar os seminários e acções de formação nas empresas públicas e função pública?


01 dezembro 2008

Das incúrias lusitanas



Hoje é feriado e a meteorologia não é nada abonatória de festejos. Contudo, provavelmente, foi num dia tão cinzento como hoje que há uns 368 anos atrás os portugueses restauraram a sua independência, revoltando-se contra o domínio filipino que havia existido já tempo demais.

Volvidos quase 900 anos de História enquanto nação, é engraçado notar que este povo humilde ainda recolhe respeito e admiração em muitos pontos do globo. Os japoneses não compreendiam como era possível o nosso vizinho não nos absorver definitivamente pura e simplesmente e mais incrédulos ficavam quando um tratado, uma assinatura num papel, era suficiente para fazer valer esta nossa existência desgovernada e que não se deixa governar. Ora será interessante dizer também que temos as fronteiras mais antigas (ou das mais antigas, não consegui verificar) da Europa. Para não falar da mais antiga aliança ainda em efeito, o tratado de Windsor com o Reino Unido.

Há quem chame à associação de Portugal com a Lusitânia e lusitanos uma "grande obra de engenharia histórica" dado que não se pode afirmar com precisão que somos os sucessores, nem os filhos daquela região pré-romana, que mais tarde se tornaria a província romana do mesmo nome. Mas há algo que não se pode negar, os traços e personalidade daquelas populações, que até foram descritos e registados na época da romanização da península ibérica, são identificáveis hoje em dia quanto mais será difícil negar que não nos corre, ainda que pouco, sangue luso nas veias. Temos mais que 900 anos ora pois...

Do mesmo modo... não, do mesmo modo não, mas talvez com as mesmas consequências, alguém matou Viriato e a Lusitânia "passou à História", e também alguém matou Portugal. E um dia hei-de escrever um livro sobre isso, e não terá nenhum capítulo dedicado à crise económica actual, assunto demasiadamente banal, como a peste a negra entenda-se.

E agora lembrei-me que este post era só para perguntar se alguém sabia que hoje era o dia da Restauração da Independência nacional. Hmm? Alguém? Olhem que os catalães, os galegos e os bascos invejam-nos por isto.