06 dezembro 2009

Este post aplica-se a qualquer mês do ano



Fui convocado para fazer de Pai Natal no dia em que este supostamente deve aparecer. No meu caso é dia 24. A minha família confiou nos meus dotes teatrais e eu confio na vestimenta e barba falsa e gorro para fazerem o resto. Os presentes já estarão dentro do saco e assim o mais difícil será apenas convencer os mais novos.

Mas há dias em que o Pai Natal devia aparecer, porque às vezes faz a diferença, e ainda que nos falte a vestimenta e a barba, recusamos. Às vezes nem merecem, mas às vezes sim, e nem nos custa nada. O que realmente é necessário custa muito menos que uns brinquedos ou uns luxos fúteis.

Há quem precise de ajuda e um dia podemos ser nós. Não gostaríamos aí de ter um Pai Natal que se lembrasse de nós?


19 novembro 2009

Pausa



Desde que nasci que fiz uma pausa. Uma pausa longa na inexistência. Um dia voltarei a não existir.


07 novembro 2009

Alma



Pudessem os líricos compor poesia com a mesma tábua rasa da prosa, a liberdade do verbo seria uma corrente, todos estaríamos presos e, pelo vazio de significado, não existiria.


28 outubro 2009

E não está a ser fácil



-- Em que estão a trabalhar?
-- Estamos a tratar o tema mais importante da condição humana.


17 outubro 2009

Imunidades



Há qualquer coisa de errado, para mim, nessa coisa do racismo. Enquanto durante quase toda a História o racismo era aceite, promovido e abusivamente incrementado, today é repudiado ao ponto de quase, se não mesmo, ser um tabu. Alguém racista é menosprezado, excluído e questionado. O racista não é aceite e acho muito bem. Opróbrio, como dizia a minha professora de Antropologia.

Eu sou racista. Mas não tenho nada contra a cor da pele das pessoas, nem contra a religião ou ateísmo, nem contra a orientação sexual, nem contra as origens, nem contra apelidos esquisitos, borbulhas na cara, sotaques estranhos, tatuagens, estatura, cor preferida, escola em que andou e até os canhotos. Portanto defino-me como um racista que não está nem no 8 de há dois mil anos atrás, nem no 80 de ontem à tarde no Zimbábue. Há que ser franco. Acho que os racistas fanáticos são muito estúpidos. Não têm noção dos perigos da sua profissão.

O meu problema não é nem com os branquelas, nem com os niggas, nem com os monhés, nem com o Salazar. Para mim são iguais e o outro está morto. É com as atitudes das pessoas, com os comportamentos e com os valores que tenho problemas. Por isso eu tenho um sério ataque xenófobo quando me falam em ciganos. Não que eu tenha algum preconceito com a origem das pessoas ditas ciganas, mas sim com grande parte das pessoas dessa origem. Primeiro porque, os seus valores são os meus, mas depois de uma naifada. Os comportamentos deles são os meus, quando estamos a correr na mesma direcção. As atitudes deles são as minhas, só não consigo lembrar-me quando. A minha xenofobia manifesta-se com uma energia nas pernas para correr e palpitações acompanhadas de suores frios. Não há nada que possa fazer, é biológico, patológico, como lhe queiram chamar.

Quando os ditos deixam de desrespeitar-nos a todos, torna-se complicado ser racista, porque deixo de conseguir distingui-los das outras pessoas... Na verdade, passam a conseguir dar-se connosco, a viver em sociedade.

O problema é que não vejo essa tendência a aumentar. E agora sendo intelectualmente desonesto: está-lhes nos genes, ou damos-lhes o benefício da dúvida, novamente (pela enésima vez)? Há que ser politicamente incorrecto, para romper esta imunidade de que tanto gozam os ciganos, isto é, os ciganos maus, porque com festinhas isto continua na mesma.


10 outubro 2009

Ontem, sexta



Ontem, sexta-feira, penso eu, ouvi isto: "Gostava de ter uma pilinha para fazer xixi". Não foi um homem a dizê-lo, mas não foi por isso que foi menos insólito.

Este blogue por vezes tem momentos trágicos, mas não está só.


05 outubro 2009

Serralves e os Antípodas



Momento alto e baixo desta visita a Serralves, por nenhuma ordem em particular:

a) "Haverá vida antes da morte?"

b) "3... 2... 1... Explosão de Sexy!"


04 outubro 2009

Apontamento sobre Cor (e alguma publicidade)



Não fosse uma série de factores comuns na educação e experiência, ou seja, uma grande parte da nossa cultura, não compreenderia a diferença fundamental entre o azul e o magenta.


Foi com alguma graça que ao encontrar um bar estabelecimento de bem-estar, as casas de banho estavam diferenciadas somente pela cor, o azul e o magenta. Óbvio. Mas que seria de mim se fosse daltónico? Se nunca tivesse aprendido esta concepção ocidental, a qual na verdade desconheço as suas obscuras origens, poderia ter tido uma surpresa para mim, e outra pessoa também. Hum...

Bedouin, em São João da Madeira. (pub)


16 setembro 2009

Hum?



É escusado, e talvez ofensivo, perguntar a um workaholic se trabalha para viver ou se vive para trabalhar.


15 setembro 2009

E tu és um grande nabo, desculpa lá



O famoso (ou será infame?) assalto à varanda da Câmara Municipal de Lisboa pelos alegados monárquicos foi assunto de conversa há uns tempos. Enquanto íamos comparando os argumentos republicanos e monárquicos, um amigo meu disse uma coisa muito acertada: Não acho que alguém tenha direito a ser rei só porque nasce.

Ambos os regimes tem vantagens e desvantagens. A maioria dos portugueses não queria, então, a República, mas mesmo assim foi-lhes imposta. Hoje a maioria não quer ter um rei. Certo será que a maneira como pensamos e as nossas convicções dependem em muito do tempo em que vivemos, onde nascemos e as nossas próprias experiências. Ora, isto não nos leva a lado nenhum, pelo menos conhecido e confortável. Não é tudo relativo, penso eu, mas a verdade é neste caso relativa.

O que o meu amigo sugeria em contraponto era a ascensão na sociedade por mérito. Mas nem a República assegura isso! Poderemos dizer que os nossos políticos são os portugueses mais brilhantes? Seguramente que não. Mas julgo que alguns têm muito mérito a recolher votos e a fazer outras asneiras, lá isso têm. Por outro lado nem os mais brilhantes seriam eleitos, porque o mérito não anda de mãos dadas com a inveja e mesquinhice e sobretudo: a cunha. Temos então um problema, que se chama emigração. Mas não é uma emigração qualquer... é a dos "cérebros" deste país. Isto porquê? Penso que tenha muito haver com o próprio povo português e a sua maneira de ser, estar e, pior, pensar. Afinal as coisas estão como estão porque o próprio zé povinho se aliciado por uma cunha aceita logo. Assim porque se queixam?

Há quem diga que os portugueses têm os políticos que merecem. Não sei se concordo. Não sei até que ponto é isso que acontece, se têm exactamente aquilo que merecem, ou se até não terão mais do que merecem. Felizmente, apesar de tudo, Portugal ainda é um país desenvolvido, pacífico, etc. etc., isto é, ainda é bom viver cá. E por isto acrescentaria, não acho que alguém tenha direito a ser português, ou melhor, a viver em Portugal, neste lindo país à beira mar plantado só porque nasce cá ou nasce português ou é filho de portugueses!

Aliás o português chega a pensar que tem direito a subsídios só porque sim. E o "porque sim" também é a razão pela qual Portugal existe. O "porque sim" sobrevive e resiste e persiste contra todos os argumentos, problemas, ataques e azares que apareçam, tal como Portugal. O "porque sim" tem sempre a última palavra, porque sim.

Voltando atrás, penso que o argumento evolui para ninguém tem direito a nada só porque nasce, que os outros também não tenham direito a ter, o que leva ao busílis da questão: porque carga d'água tu és alguém só porque és filho de fulano e eu sou ninguém porque sou filho de sicrano, quando eu sou melhor que tu, e tu és um grande nabo, desculpa lá, sem ofensas, mas também já me desamparavas a loja, idiota.

Rei, não obrigado, mas assusta-me a ideia de que apesar de podermos contestar o governo, os partidos políticos e os próprios políticos, não podermos contestar o regime (pelo que ouvi dizer... carece de confirmação).

Hoje em dia, uma ditadura em Portugal não seria impossível, mas uma revolução seria?


10 setembro 2009

Bad Advertising


clicar para ampliar imagem

Publicidade online com um timing perfeito, no Myspace. A hora, a data (e por vezes até a localidade onde o nosso IP se encontra) são comuns neste tipo de scripts. Já menos comum é ser o visitante número 100.000 e 999.999 ao mesmo tempo.


05 setembro 2009

Da relativa leveza da moral



A pureza sempre é uma vaidade em voga, vítima do mau olhado e do próprio cinismo.

Já a promiscuidade será sempre a nojice mainstream que infecta a verticalidade do ser.

A mesma história, em qualquer tempo, entre todas as bestas.


03 setembro 2009

Cliché



"Gostei esta arte é bonita" disse a criança. Aliás, escreveu com erros e assinou, no livro de visitas de uma exposição. Outros só parafraseando, com um "achei interessante", "está harmonioso" ou "tem sentido", assinariam.

Aliás, a palavra interessante tornou-se um cliché sem sentido nenhum, a maior parte das vezes, dado o seu emprego abusivo e, ironicamente, desinteressante.

É pena que uma língua tão culta como a nossa seja usada ao pontapé e cuspidela. Digo culta porque transporta uma herança rica, diversa e ecléctica. Contudo, querem amputar ainda mais a Língua, de fato.


15 agosto 2009

Confesso



Não gosto do twitter.

Excepto quando dizem que é uma ferramenta de liberdade contra a opressão e censura em sítios como o Irão. Mas continuo a achar que não dá para convidá-lo para uma noite de poker.


14 agosto 2009

10 agosto 2009

Relatividades



É (pode ser) frustrante quando uma coisa tem mesmo piada, rimos e damos conta que somos os únicos a achar piada. Depois é um misto de sentimentos de inferioridade/superioridade, por sermos os tótós que se riram quando os outros não e, também, por sermos os únicos com craveira para captar, entender e degustar a graça.

Isto não é para ter piada.


08 agosto 2009

Porque... [2]



... não interessa.

Conheço uma moça que em Paredes de Coura (sim, fui outra vez, repetir a dose. até fazia uma espécie de mini-crónica, como no ano passado, mas a net faltou-me quando a coisa estava a tender para o heróico relato. Eu sei, desculpas), gritou "Eu quero um homem para foder!", pelo megafone, no meio de uma área recheada de hominídeos famintos, sedentos e pouco sóbrios metade do dia/noite. Mulher de coragem.

Pronto, achei que seria importante partilhar isto convosco, para além de acreditar no impacto positivo que isto teria nas vossas vidas. Muito mais que descrever a habitual loucura que é um festival; as histórias das salmonelas no rio taboão; os espanhóis que só faziam m****; os míticos topless em Peaches; as aventuras dos seguranças no mundo entre as grades e o público em Kap Bambino; etc. etc. ao pormenor e algum detalhe. Que maçada.

Talvez para o ano.


07 agosto 2009

Porque...



Epá, coiso. E é assim que descrevo o momento, depois de um casal garcia e o empurrãozinho que me desenterrou do post anterior.

Na verdade, só há pouco as férias bateram-me à porta e, com isso, a disponibilidade para vir aqui. A falta de tempo crónica leva-me agora a ter que fazer a barba rija, já com mês e tal, do blogue. A minha não chega a tanto. Enfim, isto tudo começou porque...


Do silêncio faço um grito [2]



Devo dizer que ainda vai ficar para mais tarde.


24 junho 2009

Do silêncio faço um grito



... silêncio.

Uma outra conclusão a que cheguei, depois de um silêncio destes (já quase um mês), é uma sobre relatividade.

Independentemente das interpretações e análises, tanto quanto objectivas ou subjectivas, nos domínios das ciências humanas, existem factos sobre a verdade e importância da relatividade. Estes surgem principalmente na Física, o que significa que há uma «relatividade» palpável, tangível ao mundo real e não só limitada a formas de pensar e encarar, consoante as circunstâncias e contextos. Porque de certa forma é a diferença do contexto e da circunstância, sobre o sujeito, que confere a semelhança ou não de relação com um mesmo objecto entendido como constante mas cuja relação ou interacção com outros elementos difere, ou seja, a relação com os outros é relativa ao outro elemento com que se relaciona.

Ora, um estrondo, uma explosão, um rebentamento, será muito mais ensurdecedor depois de um silêncio profundo, do que seria no meio de uma linha de comboios com muito tráfego. O elemento ruído é o mesmo: pode atingir os 500 decibéis em ambos os casos, mas é muito mais intenso em relação ao silêncio. Outro exemplo é a temperatura. Colocando uma mão em água gelada e de seguida inserindo-a em água morna, esta parecerá muito mais quente do que se simplesmente colocássemos a mão nesta sem antes introduzi-la em água gelada.

Mas indo a extremos, o corpo humano não é sensível a mudanças de velocidade, mas sim a variações desta. Nós não sentimos a velocidade, apenas aceleração/desaceleração. Daí nos sentirmos "parados" no sofá da sala como num avião comercial em velocidade de cruzeiro, mas sentimos o empurrar contra a cadeira do avião quando este descola, porque este acelera.

Esta questão da relatividade das coisas é evidente no mundo físico, mas torna-se complicada no plano moral e cultural. É inegável que a mesma sopa pode saber melhor à noite, que de manhã. Pela mesma lógica, as nossas acções, decisões e até a maneira de estar e ser e pensar são afectadas. Os problemas surgem quando a relatividade se transcende e entra em conflito entre o aceitável ou não. É perigoso porque pode aparentemente justificar qualquer relativismo, o que não é de todo defensável.

Na Física existem princípios que, dentro da relatividade dos acontecimentos, explicam e, embora o conhecimento não esteja completo, justificam a explicação das leis que regem o funcionamento do Universo. O relativismo moral permitiria justificar o Holocausto, que contudo é errado por princípio. Mas a vida humana, ou somente a Vida, tende a complicar-se nos conflitos do homem com o mundo, quando é tão simples e o resto é que é complicado. Esta afirmação é ela própria relativa, mas encerra sobre si mesma a orientação mais simples e portanto parcimoniosa da questão. Os próprios princípios podem ser escorraçados na lama, levantando problemas primeiros das nossas fundações morais.

Matar um ser humano é errado, postulemos. Por isso, sem relativismos e especismos, Matar é errado.

Quanto à guerra, expoente máximo do assassínio de seres humanos, Só dormimos descansados à noite, porque existem pessoas que são violentas por nós, que matam por nós. É essa a função dos exércitos.

Já levantei muitas questões até aqui, mas esta conversa continua.


03 junho 2009

Ai korror crédu



Ao que parece, este blogue está a atravessar um momento minimal. Enquanto não falar sobre arte abstracta, não me parece que haja motivo para alarme.

Já agora, alguém sabe se Kazimir Malevich pintava de olhos vendados?

Oops!


02 junho 2009

Mesmo muito



Forreta é quem tem dentes e não oferece um sorriso. E com isto pus-me a pensar... muito.


17 maio 2009

Zeitgeist



É um soldado. Cultiva uma disciplina magistral sobre o seu corpo e mente. Zela pelo equilíbrio bioquímico do seu organismo. Lê e reflecte sobre tratados de vários temas. Atenta o telejornal e assume uma atitude assertiva perante o acaso. Assiste a filmes estimulantes. Visita a História ocasionalmente nos museus. Aprecia uma paisagem e tem prazer a cozinhar um pouco do céu, cá sobre a terra.

Ao acordar, urge a necessidade de, mais que fugir, superar o banal, o contemporâneo. Como se procurar diferença fosse procurar significado!... Confundem-se. A luta é fútil, mas ei-la adiante. Abre a porta e caminha.

Era uma vez um soldado.


02 maio 2009

Nota



Não é de todo minha intenção, e muito menos uma preocupação, dizer ou fazer algo que tenha sentido para os outros e, portanto, compreensível para os mesmos. Coincidência usar a mesma língua que muita gente. Por isso talvez nos entendamos um pouco. Talvez. É um bom começo.

"Queria ir à varanda. Mas não tenho uma." in «...Todas las Estrellas»


26 abril 2009

Contágio



Um verdadeiro exercício de contenção é como estar engripado e suster um espirro. Não há vacinas para tanto mal e doença. É uma epidemia mais velha que a consciência, mas tão jovem como a incredulidade da honestidade. [Suspiro] Morre-me a razão e o sentido, para nascer uma crença, a de que perante a mutabilidade e inconstância execráveis, a chama que depende da chuva que se lhe ataca, não alimenta fornalha tão digna como a chama que se consome sem atentar o sabor da chuva. É livre.

Contenho-me por agora.

Ponto final.


25 abril 2009

Correu com eles



Em dia de ressaca, feriado pela Liberdade, invariavelmente alguém tocará Grândola. São já muitos os que nasceram depois e por isso nunca viveram a ditadura. Sabe a um fantasma, medo nem tanto, não fazemos ideia. O que são 35 anos para uma revolução, para um ideal de sociedade, para um ideal de vida?

Calo-me para ouvir a boa disposição do bêbedo que entra no café. Mete conversa com outro.

Insurge-se contra a ignorância e dá a conhecer o facto, que Zeca Afonso não era alentejano como todos pensam. Nasceu em Aveiro!

Não sei se é verdade, nem se alguma vez pôs os pés em Grândola. A vila morena sim, pôs os pés na vergonha e correu com eles todos, quase todos.


18 abril 2009

Um Ano



Oh, um aninho se passou... E este blogue já não usa fralda. Agora já tem um penico próprio. Um dia ensino-lhe a andar de bicicleta. Se insistirem muito, tiro fotos nesse dia.

Obrigado a todos.


14 abril 2009

Liberdade



Dou comigo a pensar que não posso escrever tudo o que me apetece. Há pessoas a ler isto.

Só posso escrever como me apetece. Quando e porque me apetece. E o que me apetece, mas não tudo.

Dou comigo a pensar na liberdade. Para além de ser responsabilidade, também é um feriado.

Que bom.



13 abril 2009

O Balázio



Quando o actual presidente dos Estados Unidos aparece nos telejornais, Godofredo não olha para Obama. Está sempre à procura de um possível atirador, um homicida infame escondido, à espera da mais sorrateira oportunidade. "Onde está ele? Onde? Onde?!" interroga-se com veemência. Sempre à espreita do momento em que alguém lhe vai dar um balázio. «Um» não, o balázio.

Os vizinhos acham o rapazinho um pouco estranho. Mete-lhes medo. Mas a sua avó não concorda, pois ainda não conheceu nenhum presidente decente que não sofresse o derradeiro destino.


10 abril 2009

Segunda-feira



Após várias semanas de pesquisa intensiva, junto da opinião sénior feminina, Ivo chegou finalmente à conclusão que o Papa Bento XVI não é de todo o mais popular da História. Provavelmente o seu antecessor o era, mas em relação ao actual não deixa de haver aquele sentimento de não vou com a cara dele. Talvez porque o outro tinha olhos azuis, ou talvez não.

Nota: A dona Emanuelina considera ser cedo ainda para avaliar a prestação do pontífice. Afinal o acto ainda nem vai a meio, tão novo que ele é para um Papa. Tão jovem.

Ivo regressa à catequese, com mais dúvidas que respostas. Perdera o Domingo Desportivo na noite passada. A catequese foi na segunda-feira, em semana de férias.


15 março 2009

Pop



Quando um homem tem voz feminina e uma mulher tem voz masculina, quando este homem e esta mulher tem, deste modo, vozes muito semelhantes, o que é pior? Ele ou ela?

Vá, este blogue também tem direito aos seus momentos pop.


09 março 2009

...



Pronto, fiquei sem tempo. Pior ainda, perdi a minha musa...

O blogue continua aqui, mas eu não.

Até já.


05 março 2009

Indagação africana



Já sei que na linguística, dizer "em África" e "na África" é igualmente correcto. E nem se coloca a questão do Português do Brasil / Português Europeu. Agora resta saber, qual será a mais correcta.


04 março 2009

Não era má no que fazia



O problema não era ser má no que fazia, porque até não o era. A incrível excepcionalidade com que exercia o seu ofício era mais um tormento do que um factor de sucesso. Retirava-lhe credibilidade tanta eficiência. Pois todos desconfiavam, qual seria a sua manha. Para piorar as coisas, se depois errasse, diriam que era de propósito.

O problema era mesmo ser boa. Boa no que fazia. No que mais ninguém fazia. Tal como o petróleo para o Médio Oriente, era mais uma maldição que uma fortuna, para Edite.


02 março 2009

Não a levavam a sério



O quotidiano era suportável. Já o feitio das pessoas era mais duvidoso. Sem saber se o mal era seu ou não, Edite pouco podia fazer em relação a essa dúvida. O Mundo não entrava nas estreitas portas da farmácia. Era um obstáculo, por assim dizer, e sem cura, o abutre subsiste. Mas continua. Continua tudo igual, inalterado e sempre. Edite nada pode fazer.

Este negócio da honestidade é na verdade um tanto obscuro. Não adianta responder às inquietações e tormentos, ou até às coscuvilhices da ingerência. O indígena só acredita no que quer ouvir.

Farta de não a levarem a sério e de a trucidarem por suposta falta de talento, decide bater com a porta. Escondeu o infame cristal e foi então que dedicou-se à meteorologia.



01 março 2009

Crise



Isto da crise nem tem muito que se lhe diga, acho. É na verdade muito simples: irresponsabilidade e ganância. [para uma síntese, ver The Crisis of Credit Visualized, em Inglês, sem legendas. Descoberto via a barriga de um arquitecto]

E para ser sincero só me apercebi da dimensão da crise quando aqui na terrinha procurei um café para degustar após o jantar e o exercício que antes era fácil revelou-se estupidamente complicado. A verdade é que nunca tinha visto tanto café encerrado, tanto que era pouco plausível... Pondo de parte uma experiência alucinatória, posso concluir que a coisa está mesmo feia. Soube-me a cereja em cima do bolo que é ver nos noticiários os números do desemprego.

Caminhando mais um pouco, encontro um café aberto e pelo que parece, é recente. Contudo o aspecto não é muito convidativo. Mas é melhor entrar antes que feche também...



28 fevereiro 2009

Oi?



Por outro lado, apercebo-me agora que o Carnaval sambaístico e os Oscars passaram-me completamente, ao lado. Espero não ter perdido nada, como nos últimos anos.

Espero também não ter inventado uma palavra com o derivado de Samba acima desnatado. Estaria a cometer o crime que tanto repudio: a apropriação, uso e emprego banal de termos com origem em língua estrangeira, quando existem termos de raíz de língua portuguesa. O que é, só por acaso, um "ilícito" recorrente em terras do Samba.

Mas eu agora só quero peace and love irmãos.



27 fevereiro 2009

Dos nomes



Fui avisado. O meu reflexo no espelho, ao ler uma notícia sobre a maior probabilidade para a violência e delinquência de pessoas com nomes menos populares, imediatamente fez questão de me informar da injustiça e risco que é escrever coisas invocando sempre nomes pouco comuns nos dias que correm. Que chatice!

Em minha defesa alego que João e Maria são nomes muito enfadonhos para se escrever sobre...

Por outro lado confirma-se que em Portugal há uma maior preferência por nomes comuns, enquanto que os desvios são desvalorizados. O inverso já acontece no Brasil, onde a originalidade prima sobre todas as características dos nomes, no que toca à popularidade. Madeinusa (do termo "Made in U.S.A.") é indubitavelmente mais popular no Brasil do que em Portugal. Socialmente esta é uma realidade, mas as ilacções a tirar daí são outras... que ficam para depois, ou muito depois.



26 fevereiro 2009

Não dava para acreditar



O pior para Edite não era não acreditarem nela, ainda que tivesse a certeza absoluta do que dizia. O pior era mesmo acertar nas previsões mais terríveis, em que ninguém, naturalmente, queria acreditar.

Ainda se questionava se fora por essa inconveniência constante que as suas colegas haviam sido queimadas. Felizmente os pirómanos já não são bem vistos e as vassouras agora também as há em cabo de metal.



25 fevereiro 2009

Sexy



Coimbra

O mesmo não se pode dizer de uma mulher machista, ou pode-se dizer? E indo mais além... uma mulher com pêlo ainda pode ser sexy?

Se a questão da pilosidade feminina é menos polémica, duvido que do lado masculino haja um consenso tão alargado. De qualquer forma nem vale a pena perguntar se elas preferem os homens depilados ou não, porque, entre outras razões, aquele graffiti é sobre o feminismo. E este ismo vai se calar antes que outros ismos venham dar cabo das minhas pacatas férias.



24 fevereiro 2009

It's alive!



Porra (desculpe-me o emprego incisivo de palavra tão obesa na falsa sensibilidade das pessoas), mas eu estar de férias até compreendo, este blogue é que já não compreendo.

Não vale a pena levar o blogue ao médico, porque quem acabará internado na ala psiquiátrica serei eu e não há isenção de taxas moderadoras para blogues.

A emissão prossegue dentro de momentos... e este post era só para dizer mesmo aquela frase entre parêntesis. De resto, este blogue é feito e faz-se de paradoxos, claro sem a minha interferência, porque ele tem vida própria. Pronto, outro paradoxo?


20 fevereiro 2009

19 fevereiro 2009

Fósforo

Ovar, ria de aveiro


Um pouco de sabedoria popular, num moliceiro insólito. Perdoe-se as incorrecções de língua.


18 fevereiro 2009

Beliscão existencial



Este blogue não tem bloguer. Este blogue não existe, porque o seu bloguer não existe. Logo, como este post está neste blogue, ele também não existe. Daí parte-se para a conclusão que o leitor também não existe, porque está a ler um blogue que não existe, e mais grave, um post que não existe subordinado ao tema da inexistência. Partindo do princípio que nada disto constitui negações sucessivas, e acreditando que eu não existo, chegamos à conclusão que o leitor também não existe. Se não acredita, garanto-lhe que eu não existo e este post é algo que mais ninguém lê, porque não existe. Nem eu, que não existo, consigo ler algo inexistente, pelo que nem eu poderia escrever isto. Assim sendo o leitor também será forçado a reduzir-se à sua inexistência e compreender que não existe.

Depois de nada existir, neste seu plano de inexistência confirmada, facto esse de realidade não confirmável, poderá finalmente beliscar-se. Irá doer. Mas a sua dor não existe. A sua percepção não é de confiança.

Mas sim, belisque-se, e Descartes e Hume irão discutir novamente.


17 fevereiro 2009

Desculpem-me



E com esta azáfama toda, esqueci-me completamente da missa do sétimo dia do cogumelo defunto. Espero que não se importem...


14 fevereiro 2009

O Cúmulo



O cúmulo não é um bloguer que não tem tempo para o seu blogue, é um blogue sem tempo para o seu dono.


13 fevereiro 2009

Porque também são gente


Por entre o amontoado de trabalho que me afoga, consegui vir aqui, sustendo a respiração, um pouco mais.

Não é que amanhã é dia dos namorados? E agora com a discussão pública do casamento homossexual, apercebo-me o quão o "dia de São Valentim" é homofóbico. Ainda estou à espera do spot publicitário em que em vez dos ramelosos Romeu e Julieta, temos também os dois cowboys de "Brokeback Mountain", livres do preconceito e hipocrisia.

Um apelo contra a discriminação, seja ela qual for.


05 fevereiro 2009

Trânsito e, talvez, metafísica



Desde a insólita operação stop a meio da ponte, em que a agente da polícia o mandou encostar à berma da rotunda, que Desidério não dormia, obcecado com o brilho dos olhos da senhora de óculos escuros. Nessa noite mandaram-no parar porque o travão não dava sinal luminoso. Depois de descarregar a frustração na árvore que se encontrava junto à berma, enfrentando-a de frente, lá pagou a multa, mas memorizou o nome gravado no crachá.

Psicopata de profissão, alfarrabista nos tempos livres, o marsupial desajeitado procurou pelo nome. Afinal ela era linda. A caneta. E a assinatura, vá, também, com um registo que deixaria qualquer dactilógrafo em êxtase e com espasmos musculares na cartilagem da extremidade interna do dedo mindinho, atente-se. Encontrou-a.

Mas não podia entrar na esquadra. Era tímido apesar de tudo, e estava fulo com o telefonista ciumento que não encaminhava os telefonemas. Então esperou. Até que ela sai e dirige-se para o cruzamento, para gerir o trânsito. Não se contendo, o lúcido instinto enterra o pé direito canhoto no acelerador e só o pára quando... pronto, já está com ela.

Morreu ali mesmo. Quem?

Ai, que o crachá não era o mesmo.


04 fevereiro 2009

It's about time!



Apercebemo-nos que está na hora de procurar outra casa, não quando as canalizações derramam água uma vez por mês; não quando as paredes se cobrem de humidade e a tinta salta; não quando o soalho parece que vai desmoronar-se; não quando as janelas da casa de banho não têm vidro duplo; não quando o tapete, que o senhorio deixou, não deixa de parir bolotas por mais que o aspire; não quando a antena de televisão falhar sempre que um avião sobrevoa a zona; mas sim quando começam a nascer cogumelos, ou qualquer coisa parecida com cogumelos, nas paredes.

Medo.



03 fevereiro 2009

Lembrar o nada



O silêncio grita,
calando um pulsar cansado.
Desfalece frente ao espelho,
e vê o sentimento alado.

Olhar uma vez mais,
e ver o mudo falar.
Não profere palavras,
mas tudo diz ao pestanejar.

A visão é assim,
uma perene lembrança.
Areia do deserto,
que um dia foi criança.


31 janeiro 2009

Si vous préférez...




La volonté d'ingérence de Raymond Dufayel est intolérable!

Si Amélie préfère vivre dans le rêve et rester une jeune fille introvertie, c'est son droit. Car... rater sa vie est un droit inaliénable!

****
*

O desejo de ingerência de Raymond Dufayel é intolerável!

Se Amélie prefere viver no sonho e permanecer uma jovem introvertida, está no seu direito. Pois... estragar a própria vida é um direito inalienável!


in Le fabuleux destin d'Amélie Poulain



30 janeiro 2009

Fome, ou lá perto



Isto de extrair dois cisos de uma assentada é um número de circo muito giro, em que, neste caso, eu me armei em contorcionista. Estou a exagerar, porque até não me doeu, e este acto de contorção foi meramente mental.

A dor psicológica no dentista é capaz de superar em muito a dor física. Sim, porque apesar de levarmos uma dose de anestesia para cavalo, continuamos a ter medo de ir ao dentista. Não sou eu que o digo, mas sim muita boa gente de boas famílias. Contudo, não me posso queixar muito do meu médico dentista, calmo, sorridente, poupa-me as dores, que realmente não senti, mas chama-me mariquinhas. Ora prefiro queixar-me antes de doer, do que depois. Ha ha ha. Parece que resultou.

Não pude foi fugir da dieta forçada pós-operatório. E é aqui que quero chegar. Apesar da fome, da vontade de comer, de sonhar com bifes suculentos, frango assado, peixinho cozido, a porcaria do McDonalds, javali, crocodilo e girafa; sempre tive energia para pensar (e se o leitor quiser enaltecer o meu esforço, também energia para escrever isto), e daí chegar à conclusão de quatro coisas:

Primeiro, realmente tem razão quem diz para não irmos às compras quando temos fome. Porque assim gastamos mais e desnecessariamente. Eu fui e não pude comprar muito... e tudo o que antes não comprava apetecia-me comprar. Até parei na secção dos queijos e todos me pareciam bons e deliciosos... se bem que só o Terra Nostra - Natural dos Açores - é que é bom. Quem me conhece minimamente sabe porquê.

Segundo, comer realmente deve manter uma pessoa acordada quando tem sono. Digo isto porque à falta de comer tenho tido muito sono. Mesmo...

Terceiro, a falta de açúcar no sangue, realmente, e isto comprova a minha teoria, faz-nos dizer e fazer muitas parvoíces. Como prova disso, não resisti em cá deixar mais uma posta ;)

Quarto, ide comer, que eu não posso.



25 janeiro 2009

24 janeiro 2009

Ok... aqui vai



Este blogue é conhecido pelas suas profundas e reflectidas conclusões sobre o estado do mundo e da sociedade em geral, nos assuntos mais relevantes para a nossa existência, individual e colectiva. Por essa mesma razão é que... vou directo ao assunto.

Sim, vou falar do Obama. Lamento mas as minhas opiniões e dúvidas vão ficar, por enquanto para mim. Como de resto têm ficado... Mas tenho que partilhar isto: após a eleição de Barack Obama, foi com uma estupidamente incrível incredulidade intelectual que assisti sucessivamente a jornalistas a perguntarem a cidadãos negros se sonhavam ou pensavam viver o suficiente para ver o primeiro presidente afro-americano ser eleito.

Este tipo de intervenções denuncia claramente a mentalidade da sociedade que, se não incentiva, não reprova esta postura. Análogamente, estas questões caiem no ridículo, tal como um jornalista que pergunta "como se sente?" a um sobrevivente de um terramoto na Ásia menor, que perdeu a família, a sua casa e todos os seus bens. Como é que ele se sente? Duh!

Se me perguntarem, respondo apenas que não se podem queixar, afinal sempre falei do assunto ;)



21 janeiro 2009

Como contornar situações difíceis



Quando lhe perguntarem algo logicamente embaraçoso, que não consiga resolver nem contra-argumentar, experimente responder com "sou estúpido, grande novidade não?"

Vai ver que salva a face, embora a sua dignidade possa ter morrido ali mesmo.


20 janeiro 2009

Como juntar o útil ao agradável



Já um amigo meu dizia, que o programa da Lucy, entenda-se «Luciana Abreu pós Floribella», é para todas as idades. Cada um vê aquilo que quer, dos putos de 8 anos, aos veteranos de 80 anos. Já viu?

P.S.: Esta semântica é perigosa, mas sou refém desta língua, portuguesa, traiçoeira.


17 janeiro 2009

Amor canibal



Esses olhos teus, cor de chocolate, deliciosos me seduzem... deixa-me vê-los mais perto... deixa-me comê-los.

[dentada]


14 janeiro 2009

13 janeiro 2009

Hum? Sabe-te a quê?



Depois de uma conversa menos mainstream, vem sempre uma reflexão inusitada: mas afinal há alguma forma de saber se um pastel de nata, de preferência de Belém, sabe a alguma outra coisa, que não natas? Era possível tirar da gaveta a teoria do génio maligno, explorada, por exemplo, na trilogia Matrix em que, no caso do frango, ninguém sabia se o frango realmente sabia assim, mas lá que sabia a frango sabia! Então nessa teoria, um génio maligno quererá ocultar-nos o verdadeiro sabor do pastel de nata, que já ouvi dizer ser a laranja. Mas depois isso não faz sentido nenhum, porque a última coisa que me lembro quando como laranja é um pastel de nata. Absurdo. Sim, esta conversa. Porquê? Porque não tem rigor científico. O sabor é quantificável caro leitor. E eu sei que não estou a fazer parágrafos. É de propósito. Hum. Bom, e para intensificar o entusiasmo digo-lhe, a batata não tem sabor! Esta é uma afirmação cientificamente rigorosa! Oh oh, então que sabor é aquele quando como batata? Sem ketchup, sim. Cozida, sim. Antes do azeite... Mas tem sabor não tem? Não tem nada! Isso é impressão tua. A tua língua não é cientificamente rigorosa. Toma lá!

Pausa para café, com um pastel. Se é de nata ou não, já é um tratado de filosofia existencial. Até já.


12 janeiro 2009

Ainda as vacas...



Pergunto-me porque razão os Açores têm uma capacidade de produção leiteira considerável, com qualidade comprovada, e as quotas leiteiras vão para aqueles %$#@%$#@ países que não chegam aos calcanhares das ilhas? É que o leitinho de vaquinha que passa os dias no pasto a comer ervinha, não deve ser pior que o das bovinas esfoladas e drogadas enclausuradas em quintas, a comer tudo menos ervinha, verde, fresquinha, nutritiva, pois. Depois as vacas é que são as más da fita, é é.


09 janeiro 2009

Uma, duas no máximo, vezes por semana



Fernando Alvim defende, na sua rubrica no jornal Metro, desta semana, que a felicidade deve ser encarada como o conceito de mulher-a-dias. Ou seja, não se pode ser feliz todos os dias, um dia sim, outro dia não, ou até só aos fins-de-semana, que sai mais barato. No fim de contas a felicidade não é constante e muito menos permanente. Pois isso já sabíamos, nem que ela acabe quando quem a tem também acabar. Uns dias são melhores, felizes, outros piores, outros nem se fala. Ora também já Miguel D'Ors dizia que "a felicidade consiste em não seres feliz e que isso não te importe".

Agora quero ver alguém explicar a uma criança faminta no deserto, no Chade, que a felicidade é uma mulher-a-dias que só vem algumas vezes por semana. Ah pois certo... não deve saber o que é uma mulher-a-dias. Não é?...


04 janeiro 2009

Terrinha



Depois de uma quadra natalícia sem net, um réveillon com operações stop à espreita, lá no recôndito a que chamo «térrinha», é tempo de regressar. Mas regressar a quê? Espere, caro leitor cosmopolita. Tenho a certeza, ou melhor, tenho e sinto a certeza que não é em qualquer lugar mundano por este mundo fora que somos recebidos por quadrúpedes herbívoros amistosos... à saída do avião. Note-se, são amistosos, até porque não se tratam de gazelas nem zebras, portanto é seguro não se preocupar com carnívoros selvagens lá na minha terrinha.

Mas e depois? Posso ir a Sete Rios e ver uns quadrúpedes bem mais exóticos... como leopardos, tigres, e os outros... trés chic! Hum... pois. A diferença é que os quadrúpedes anteriores podem ser vistos sem ter que se pagar por isso. A sua disseminação é tal que, por vezes, até se nos dá vontade de pagar para nos saírem da frente do carro. E dos lados. E também de trás. E sem sujar. Ora aí está uma situação que pode mostrar quem realmente somos, ao nos colocar complexas e difíceis questões, desde a origem do Universo (que por acaso já não é o Big Bang), relativismo moral, teoria do caos, até, por fim, mecânica física da buzina e agora sim, se a quântica de partículas se aplica à energia dispendida com a paciência. Pois, isto agora é que é exótico, e sempre dura mais qualquer coisa, pelo menos mais que um ataque de felinos famintos e aqueles 10 euros de bilhete para o Jardim Zoológico.

Claro que tenho dúvidas. Para além da origem do Universo, também não sei se o bilhete custa 10 euros. Mas sim, são vaquinhas.