17 outubro 2009

Imunidades



Há qualquer coisa de errado, para mim, nessa coisa do racismo. Enquanto durante quase toda a História o racismo era aceite, promovido e abusivamente incrementado, today é repudiado ao ponto de quase, se não mesmo, ser um tabu. Alguém racista é menosprezado, excluído e questionado. O racista não é aceite e acho muito bem. Opróbrio, como dizia a minha professora de Antropologia.

Eu sou racista. Mas não tenho nada contra a cor da pele das pessoas, nem contra a religião ou ateísmo, nem contra a orientação sexual, nem contra as origens, nem contra apelidos esquisitos, borbulhas na cara, sotaques estranhos, tatuagens, estatura, cor preferida, escola em que andou e até os canhotos. Portanto defino-me como um racista que não está nem no 8 de há dois mil anos atrás, nem no 80 de ontem à tarde no Zimbábue. Há que ser franco. Acho que os racistas fanáticos são muito estúpidos. Não têm noção dos perigos da sua profissão.

O meu problema não é nem com os branquelas, nem com os niggas, nem com os monhés, nem com o Salazar. Para mim são iguais e o outro está morto. É com as atitudes das pessoas, com os comportamentos e com os valores que tenho problemas. Por isso eu tenho um sério ataque xenófobo quando me falam em ciganos. Não que eu tenha algum preconceito com a origem das pessoas ditas ciganas, mas sim com grande parte das pessoas dessa origem. Primeiro porque, os seus valores são os meus, mas depois de uma naifada. Os comportamentos deles são os meus, quando estamos a correr na mesma direcção. As atitudes deles são as minhas, só não consigo lembrar-me quando. A minha xenofobia manifesta-se com uma energia nas pernas para correr e palpitações acompanhadas de suores frios. Não há nada que possa fazer, é biológico, patológico, como lhe queiram chamar.

Quando os ditos deixam de desrespeitar-nos a todos, torna-se complicado ser racista, porque deixo de conseguir distingui-los das outras pessoas... Na verdade, passam a conseguir dar-se connosco, a viver em sociedade.

O problema é que não vejo essa tendência a aumentar. E agora sendo intelectualmente desonesto: está-lhes nos genes, ou damos-lhes o benefício da dúvida, novamente (pela enésima vez)? Há que ser politicamente incorrecto, para romper esta imunidade de que tanto gozam os ciganos, isto é, os ciganos maus, porque com festinhas isto continua na mesma.


2 comentários:

Andi disse...

Eu não sei em que Universo o racismo é considerado uma característica desejável ou positiva, por isso só tenho que dizer que lamento profundamente que tenhas o tempo livre para exprimir essa tua amostra de comentário. E digo amostra porque não te incomodaste a dizer que valores, atitudes e comportamentos dos ciganos te repudiam de modo a considerá-los inferiores a ti. E falando em imunidade, porque afirmas que os ditos ciganos a têm, será que a estupidez aguda também a tem? Infelizmente, parece que sim.

Peace.

André disse...

Andi, antes de mais obrigado pelo comentário. Lamento a interpretação literal que fizeste. Se, depois de leres, achas que sou racista, então não percebeste a ironia, e no fundo não percebeste nada. Não contextualizar as coisas no seu devido lugar dá azo a estes mal entendidos. Mas não me estou a desculpar pelo que escrevi. Os ciganos são muito ostracizado na nossa sociedade. Decidi escrever sobre eles, como podia ter decidido escrever sobre outros. Em boa verdade é redutor dizer que o problema reside apenas na "perseguição social" pela maioria dominante, ou o inverso, que são eles apenas a causar desacatos. É um problema, a meu ver, de parte a parte. Contudo, este é o discurso politicamente correcto, para não ofender ninguém, mesmo que não tenham razão, nem tenham razão para se sentir ofendidos. Agora é a partir daqui que nascem imunidades (e julgo que não percebeu o que imunidade quer dizer), porque não se pode pôr em causa sem ferir (pseudo)susceptibilidades, isto é, sendo politicamente incorrecto, ou frontal, como queiram chamar-lhe. Andi, se depois da trapalhada que foi a tua leitura, sem distanciamento e discernimento, ainda teces insinuações sobre o grau da minha estupidez, só posso rir-me. Não sei em que planeta (sejamos menos esotéricos) é que vives para não saber quais os problemas associados aos ciganos, se é que nunca ouviste falar em histórias sobre eles. Antes que a minha resposta ao teu comentário seja maior que o próprio post, deixa-me dizer-te, se roubares um carro, vais presa. Se um cigano roubar, é mais complicado. Não linearmente o contrário, mas sim, é mais complicado. São imunes a muitas questões. Mas como eles, tantos outros. Não se pode é falar sobre isso sem caírem os fanáticos desinformados que acham que com a sua moralidade imaculada vão salvar o mundo e dar uma lição a quem fala sobre assuntos complicados que ninguém gosta de ouvir. Tens de deixar o biberão.

Peace.