18 fevereiro 2009

Beliscão existencial



Este blogue não tem bloguer. Este blogue não existe, porque o seu bloguer não existe. Logo, como este post está neste blogue, ele também não existe. Daí parte-se para a conclusão que o leitor também não existe, porque está a ler um blogue que não existe, e mais grave, um post que não existe subordinado ao tema da inexistência. Partindo do princípio que nada disto constitui negações sucessivas, e acreditando que eu não existo, chegamos à conclusão que o leitor também não existe. Se não acredita, garanto-lhe que eu não existo e este post é algo que mais ninguém lê, porque não existe. Nem eu, que não existo, consigo ler algo inexistente, pelo que nem eu poderia escrever isto. Assim sendo o leitor também será forçado a reduzir-se à sua inexistência e compreender que não existe.

Depois de nada existir, neste seu plano de inexistência confirmada, facto esse de realidade não confirmável, poderá finalmente beliscar-se. Irá doer. Mas a sua dor não existe. A sua percepção não é de confiança.

Mas sim, belisque-se, e Descartes e Hume irão discutir novamente.


4 comentários:

cat in a bag disse...

Se o post não existe, este comentário também não existe. Mas, se eu não existo porque li um post que não existe, então este comentário não existe mesmo porque foi feito por alguém que não existe. Se leres este comentário, não só não existes por teres escrito um post inexistente, como também não existes por tê-lo lido.

OK, cheguei ao ponto em que a palavra "existe" deixou de fazer sentido de tantas vezes a ter escrito.

André disse...

Pior é responder a um comentário que não existe. Mas vá, alguma coisa há de existir ;)

Mário disse...

crises existenciais...

André disse...

Então Mário, qual crise? ;)