Plácido, de seu nome, anunciou à sua devota mãezinha, que acabava de comprar um lugar cativo no inferno.
Sem que os santos e anjos do altar do senhor padre da sua paróquia e da freguesia vizinha chegassem a tempo de prevenir uma eventual marcha lenta e sinuosa do INEM pelo vale acima, a senhora viu a luz do candeeiro da sala esfumar-se e voltar a focar enquanto o agente da funerária ali ao lado teve tempo de um rápido esfregar de mãos, de satisfação. Não se conteve. Exclamou com todas as forças que havia guardado nos serões a rezar. Como podia o seu santo, puro e sério filho ter arranjado um lugar no inferno ainda antes de tirar a carta de condução e ter idade para saber o que é a segurança social?
O filho, impávido e sereno, como o seu nome sugere, manteve-se no seu lugar, com ar natural, e informou a dona Rosário que o Benfica jogava amanhã, na Luz.
19 dezembro 2008
Um lugar no inferno
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1 comentário:
um autentico inferno. di-lo quem por la ja passou umas vezes...XD
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